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Espiritismo Redivivo

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Alexandre Aksakoff - cientista russo

O ESPÍRITO MATERIALIZADO E O PARALÍTICO

Alexandre Aksakoff - cientista russo

Na data aprazada, às nove horas da noite, iniciou-se a sessão, onde um médium, ainda pouco experiente na sua carreira psíquica, seria observado em suas possibilidades transcendentes pela vigilante argúcia do ilustre experimentador. Produzida a penumbra, sempre necessária à boa formação dos desconcertantes, belos e impressionantes fenômenos de materializações de almas habitantes do Além, o médium entra em transe, começando a resfolegar penosamente, com mostras de fadiga singular, como no estado de ânsia pré-agônica. Muito atento, portando-se absolutamente respeitoso, o paralítico, que nada poderia prever do que se iria passar, limitava-se à observação, certo de que se encontrava diante de uma das forças ocultas da Natureza, e portanto à frente de uma manifestação da majestade do Absoluto. Notava ele que o Sr. Aksakoff1 fazia-se exigente, talvez excessivamente meticuloso, cercando o médium de uma vigilância cerrada, depois de havê-lo feito trocar de roupa, para envergar um sudário fornecido pelos experimentadores; que os pés e as mãos do mesmo médium permaneciam amarrados, e que seu próprio corpo, atado à cadeira em que se sentava, era visto pelos circunstantes preso em uma gaiola proporcional, através da abertura de um reposteiro de cor escura, que o isolava da assistência, mas de forma a permitir a todas as pessoas presentes igualmente observarem quaisquer movimentos que porventura o mesmo fizesse. Quanto aos assistentes, procuravam manter conversação alheia às circunstâncias do momento, porque assim o exigira o diretor dos trabalhos, evitando se concentrassem no fato, a fim de que fenômenos originários das mentes pessoais presentes não invalidassem ou alterassem as experiências que se deveriam tentar. Não obstante, as atitudes eram graves, a conversação discreta e em tom vocal comedido, visto que à reunião assistiam somente pessoas assaz educadas.

Melânia não participava da reunião. Permanecia em casa, fazendo companhia ao pequeno Peters. Nikolai e Simone, o mordomo, que haviam transportado Dimitri, esperavam no vestíbulo, apenas tendo subido para acomodarem o amo na poltrona indicada por um assistente do Sr. Aksakoff.

Em dado momento, uma figura expressiva desenhou-se no gabinete onde permanecia o médium, que era visto pelos circunstantes amarrado à sua cadeira. Na sala, onde se encontravam Dimitri e os demais assistentes, uma pequena lâmpada a querosene permitia claridade suficiente para que os detalhes ali existentes fossem reconhecidos. A princípio indecisa e vaga, amorfa, parecendo apenas um aglomerado de matérias sutis fosforescentes, que se condensavam quais as nebulosas no trabalho da criação das galáxias, a figura foi-se delineando rapidamente para, logo após, deixar-se ver como a personalidade de uma dama da alta sociedade, tal o garbo com que se apresentava, a atitude a um tempo graciosa e distintíssima com que se particularizava a própria silhueta. No pensamento de Dolgorukov, então, meditações vertiginosas começaram a se suceder. Ele pensava nas descrições daquelas aparições indicadas nos Evangelhos, as quais, quando menino, era obrigado a ler e aprender para os exames de religião: o anjo Gabriel aparecendo a Zacarias em orações diante do altar, no tempo de Jerusalém, à hora dos ofertórios, para anunciar o nascimento de João, Precursor do Cristo. O mesmo anjo deixando-se ver por Maria, em Nazaré, ao cair do crepúsculo, participando-lhe que seria mãe do Messias esperado. No Jardim das Oliveiras, ainda o mesmo mensageiro, que - percebia-se - era sempre investido de tarefas delicadas pelos desígnios do Céu, reconfortando o Nazareno e encorajando-o para as dramáticas peripécias da paixão e da morte. E depois, o próprio Nazareno mostrando-se, após a consumação do Calvário, aos discípulos reunidos, quando as portas e as janelas da casa onde se ocultavam, todas fechadas, não se haviam aberto para lhe permitirem passagem, exatamente como sucedia ali, naquele momento, quando as fechaduras das portas e os ferrolhos das janelas haviam sido até lacradas e as chaves permaneciam nos bolsos dos meticulosos experimentadores, sem, de forma alguma, permitirem ingresso a intrusos.

No entanto, a figura, ou o Espírito de uma dama, assim concretizado, soerguera a cauda do vestido, num gesto gentil e muito feminino, levantando-a do solo para melhor trocar os passos; ajeitara, com a outra mão, a longa “écharpe” de seda que lhe caía dos ombros, e, volteando em torno do médium, abatido por um transe intenso, parou no meio da porta formada pela abertura da cortina, fitando a assistência com interesse e majestade.

Surpreso, como que acometido de um assombro que tanto participaria da emoção profunda, da alegria inexplicável, como também do terror, Dimitri reconheceu, nos gestos dessa dama de além-túmulo, ao apanhar a cauda do vestido e ao ajeitar a “écharpe” nos ombros, os próprios gestos de sua mãe, quando se preparava para descer as escadarias da casa, e esse assombro e essa estupefação atingiram o seu mais intenso grau quando, instantes depois, mais aperfeiçoada a materialização, reconheceu também os traços daquela morta muito amada, cuja ausência acentuara de maiores amarguras a sua existência, já de si tão desolada pela enfermidade.

Sim! Era sua mãe, rediviva por um arrebatador milagre da Ciência! Eram os seus mesmos cabelos grisalhos, artisticamente penteados para o alto! Eram a sua pulseira preferida e o broche de ouro e rubis, dos quais nunca se apartava...

Desfeito em lágrimas, o paralítico não sabia o que dizer e, presa de uma emoção que tocava o terror, somente podia balbuciar, comovendo os assistentes e encantando o sábio Sr. Aksakof, para quem a materialização assim identificada valia por glorioso troféu:

- Mas... É a minha mãe! Oh, Sr. Aksakoff, é a minha mãe!

Fosforescente e imprimindo detalhes na sua configuração materializada, para melhor identificar-se ao filho, a entidade deu alguns passos, deslizando pela sala. Deteve-se alguns segundos à frente de Dimitri, perpassando as mãos por seu rosto banhado de lágrimas. Voltou, em seguida, ao gabinete penumbroso, onde se encontra o médium, e lançou-lhe esta advertência através do mesmo instrumento, que continuava caído em “transe”, advertência em tudo digna de uma Revelação que tende a operar revoluções no caráter humano e na própria sociedade terrena:

- Por que choras, querido Mítia, meu filho?... quando contemplo em derredor de ti motivos de júbilo, com o ensejo propício que te é concedido para o engrandecimento do teu caráter e a elevação da tua alma para o amor de Deus? Venho a ti através de um passo muito natural da vida do Espírito, para dizer-te que, a partir deste momento, será preferível que te habitues a ver na enfermidade que execras a amiga protetora que te permite ocasião para reeducar a alma ainda inferior e tão necessitada de se adornar de virtudes, porque justamente é descendência da Luz. Se, em vez de inválido numa cadeira de rodas, continuasses a te absorver nas alegrias do mundo ou declinar para os canais do erro, entregando-te a toda sorte de vícios e paixões, que seria da tua alma imortal? Entre as alegrias e os gozos mundanos, tu, homem de sociedade brilhante, quando procurarias pensar no infortúnio alheio, na situação difícil de milhares de enfermos em condições infinitamente mais angustiosas do que a tua? E, portanto, quando te decidirias à observação das leis irremissíveis do amor a Deus e ao próximo, única a proteger, em verdade, o destino das criaturas, antes e depois da morte? Se entre risos, flores e satisfações pessoais fechasses os olhos carnais para despertar na vida imortal do Espírito, sem jamais teres procurado aproximar-te das Verdades Eternas por qualquer meio; desprovida a tua individualidade das qualidades recomendáveis para o bem-estar no além-túmulo, qual seria aqui a tua posição, ao abandonares a vida terrena? Nem é bom pensar... A realidade grave da situação se abateria sobre ti, para te envergonhar e humilhar em face da consciência, como diante dos teus irmãos do Invisível. Chorarias sobre o tempo perdido, sobre a conseqüência do bem que deixaste de realizar a benefício de ti mesmo. E te convencerias de que, nos braços das alegrias mundanas, jamais o homem atenderá à necessidade de procurar Deus em si mesmo, iluminando-se no cumprimento dos próprios deveres. E, assim, surpreendido na vida do Espírito, a consciência atormentada, o coração repeso e amargurado, só te restaria retornar à Terra em novo corpo, a fim de melhor te conduzires, a fim de te elevares à altura da honra da alma imortal, originária do Criador... pois, fica sabendo, ainda, que todos os filhos de Deus emigram para a Terra consecutivamente, em encarnações de aprendizados valiosos, e da mesma forma imigram para o Além, pátria natural de todas as almas. Fica certo, meu filho, de que me servi do pequeno Peters para lançar, no teu coração, a primeira advertência sobre a impiedade em que vivias, absorvido na revolta do próprio egoísmo, que te levava a supor seres o maior dos desgraçados, quando bem suavizada é a provação da enfermidade que te acometeu! Guiei-te, eu mesma, à peregrinação pela casa dos demais enfermos que visitaste, desejosa de que soubesses que - enquanto rodeado de fausto e atenções, vivias blasfemando contra Deus -, dentro das tuas terras, ignorados pelo teu orgulho e pela tua indiferença, existiam aqueles que viviam no isolamento da miséria, mas também, viviam com o coração humildemente voltado para Deus, considerando-se venturosos ao reconhecerem a misericórdia do Altíssimo na própria esmola que os corações piedosos lhes concediam.

Medita sobre quanto há sucedido ao redor de ti nestes últimos dias, Dimitri... e observa que o Altíssimo se manifesta clemente para contigo em tudo o que te cerca... até mesmo nesta possibilidade que tiveste de me ver e ouvir. Eu curva-te, submisso, a essa paralisia que te permite ascensão para Deus, através da expiação de delinqüências em vidas pretéritas. E aprende a ser conformado e paciente, porque, mesmo retido numa cadeira de rodas, como no fundo de um leito de dores, o homem poderá realizar obras que testemunhem boa vontade em ser útil aos semelhantes, adornando a própria alma com virtudes que não poderia adquirir por outra forma.

Entretanto, Dimitri continuava banhado em lágrimas, reconhecendo, só agora, o erro em que vivera submerso desde que adoecera, e, sinceramente arrependido, dizia consigo mesmo, sem coragem de se expressar em voz alta, respondendo àquela que transpunha as barreiras do Além para adverti-lo e aconselhá-lo, como mãe prudente que fora:

- Perdoa, querida mãe, e por Deus te peço que me ajudes na reforma que se impõe no meu caráter! Sim! Somente agora, meditando sobre os enfermos que visitei, me caiu dos olhos a venda do orgulho que me cegava. Perdoa-me e ampara-me.

Compreendendo-o, a formosa aparição voltou até ele, pousou levemente a mão sobre sua cabeça, e arrematou:

Tua consciência ditará o que houver a fazer. Encontras-te na pista redentora da Verdade. Habilita-te, pois, para o critério do seu culto, através do estudo, da meditação e da pesquisa, pois outro não será o dever da alma imortal, cujo destino é a plenitude da comunhão com a Verdade Absoluta... (Espírito de Leão Tolstoi - Obra: Ressurreição e Vida - Médium: Yvonne A Pereira).

Nota do compilador: Aksakoff foi um cientista russo que no final do século dezenove pesquisou e comprovou as materializações de espíritos.

A INGRATIDÃO - CHAGA PESTÍFERA QUE UM DIA HÁ DE DESAPARECER DA TERRA - TEM SUAS NASCENTES NO EGOÍSMO, QUE É O REMANESCENTE MAIS VIL DA NATUREZA ANIMAL, LAMENTAVELMENTE PERSISTINDO NA HUMANIDADE

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Antonio Paiva Rodrigues

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